Bolívia vive noite de saques e incêndios após renúncia de Evo
Casas foram incendiadas, lojas
foram saqueadas e gangues foram às ruas durante a noite de domingo (10) para
segunda (11) nas cidades de La Paz, a capital da Bolívia, e Santa Cruz, depois
que Evo Morales renunciou à presidência.
Segundo o jornal "El
Deber", o comandante geral da polícia, Vladimir Yuri Calderón, renunciou
nesta segunda-feira (11) após os incidentes violentos. Um vídeo difundido entre
os bolivianos mostra pessoas dentro da propriedade do próprio Evo com grafiti,
depois que ele voou para outra parte do país.
Figuras importantes da oposição e
o acadêmico Waldo Albarracin publicaram em redes sociais que suas casas foram
incendiadas por apoiadores de Evo. A casa de uma jornalista da Televisão
Universitária também foi queimada.
O jornal “La Razon” descreve que
várias partes da cidade de La Paz amanheceram com rastros “de uma noite de
terror”, e diz que a polícia esteve ausente e demorou para entrar em ação. Em
alguns bairros, os vizinhos organizaram piquetes e barricadas de contenção.
Houve ataques a pátios de ônibus
–em uma das centrais, 33 veículos viraram cinzas. Em Santa Cruz, o chefe da
polícia, Miguel Mercado, disse que algumas “hordas e grupos de vândalos” saíram
à noite para causar pânico na população, de acordo com o jornal “El Deber”.
“Quero anunciar que em Santa Cruz
a situação está controlada. Não só graças à intervenção policial, graças à
população, à consciência dos cidadãos que pretendem que se reinstitua a democracia”,
afirmou.
Vazio de poder
Não está claro quem será o comandante do país que fará uma
nova eleição, apesar de a senadora de oposição Jeanine Añez ter dito que ela
está preparada para aceitar a responsabilidade.
“Se eu tiver o apoio daqueles que lideraram esse movimento
por liberdade e democracia, eu vou encarar o desafio, só para fazer o que for
necessário para convocar eleições transparentes”, ela disse ao canal Red Uno,
na segunda-feira (11).
“Não é que eu queira assumir isso por força, é uma sucessão
constitucional e por enquanto eu tenho que assumir.” Pela lei boliviana, na
falta de um presidente e um vice, o líder do Senado deveria ser o líder
provisório. No entanto, Adriana Salvatierra, que deveria assumir o cargo,
também renunciou.
Os legisladores devem se encontrar nesta segunda-feira (11) para criar uma comissão interna ou determinar quem assumirá temporariamente.