Agevisa orienta população sobre riscos de doenças transmitidas por morcegos

05/02/2021 - 09:52 hs

Mais de 90 espécies de morcegos foram catalogadas em Rondônia, tanto na área urbana quanto na rural, sendo registradas três variantes do vírus rábico circulando (V3, V4 e V6). A mais comum encontrada em amostras enviadas para exame laboratorial é a variante 3, transmitida pelo morcego vampiro desmodus rotundus. Por isso, o Governo do Estado de Rondônia, por meio da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), tem o cuidado de manter a população informada sobre os riscos causados por esses mamíferos voadores, que quando contaminados com o vírus, afetam principalmente animais, como os cães, gatos, bovinos, equinos, suínos, caprinos, ovinos e até mesmo, o ser humano.

De acordo com o coordenador do Programa de Vigilância e Controle dos Quirópteros (morcegos) da Agevisa, Antônio Salviano, o risco ocorre devido à grande concentração de variadas espécies atraídas pela grande oferta de alimentos, como insetos e frutos de árvores utilizados na arborização das cidades, em forros de edificações, juntas de dilatação de prédios e casas abandonadas, que servem de abrigos para esses animais. “Não são somente cães e gatos os transmissores da raiva, os morcegos, independente do hábito alimentar também fazem parte desse grupo”, alerta.

Raiva

Todo morcego encontrado com hábito fora do normal, ou seja, voando durante o dia, caído dentro de casa ou no quintal é considerado suspeito de estar contaminado com o vírus da Raiva. Salviano esclarece que as Unidades de Vigilância de Zoonoses enviam amostras de morcegos, periodicamente, quando o dono da propriedade rural ou de uma edificação urbana comunica ao setor de Controle de Zoonoses do Município sobre a presença do animal suspeito. Neste caso, a equipe técnica vai ao local e remove o morcego, enviando a amostra para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen).

“Nem sempre o exame aponta que o animal está contaminado com a Raiva. Pois, às vezes, outras ações de manejo podem estressar uma colônia (meio de convívio dos morcegos), como por exemplo, o ato de desalojar esses animais de um abrigo, deixando o animal desnorteado. Mas, geralmente, o morcego quando é encontrado caído, tem uma grande possibilidade de ser portador do vírus rábico. Um dos primeiros sintomas que é observado no morcego contaminado é a falta de coordenação motora, perdendo a noção de voo, caindo e encontrado geralmente em locais não apropriados, pousados sobre objetos ou no chão”, detalhou.

O coordenador informou ainda que, ao ser confirmado laboratorialmente o animal positivado para o vírus da Raiva, um trabalho de investigação ecoepidemiológica é iniciado com o estudo de agressões causadas pelo morcego a humanos e animais domésticos (cão e gatos), vacinação de bloqueio de foco nos animais domésticos e ações de Educação de Saúde, realizadas na área do foco e entorno.

Alerta

É importante que a população esteja atenta quanto aos hábitos fora do normal do mamífero voador. Ao ver um morcego voando, alimentando-se durante o dia ou caído no chão, é preciso que seja comunicado com urgência ao Departamento de Controle de Zoonoses do município ou à Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ). No caso da Capital, comunicar a Regional de Saúde para que seja feita a remoção do animal e, posteriormente, seja encaminhado para exame no Lacen.

O trabalho de monitoramento dos registros de agressões a humanos e animais domésticos, capturas e remoção de morcegos, coleta de material, acondicionamento e envio de amostras e monitoramentos do resultado das amostras no sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) do Estado, é realizado pela Agevisa, em conjunto com órgãos de vigilância municipal.

Cuidados

Antônio Salviano orienta às pessoas para manter a calma quando verem um morcego caído, debilitado ou vagando pela casa. É importante que o animal seja isolado, colocando um pano ou uma caixa sobre ele, para evitar o contato direto e manter os animais domésticos ou de criação rural (bovinos, equinos, muares, suínos, caprinos e ovinos) vacinados. O Departamento de Controle de Zoonoses deve ser comunicado imediatamente. Outro detalhe que não pode ser esquecido é que a salubridade, a sanidade e o controle de vetores e pragas nas residências, ou em qualquer outro ambiente, é de responsabilidade do proprietário.

“Morcegos não gostam de luz”, pontua o coordenador. Ele indica iluminar locais externos, como varandas, jardins e quintais. A instalação de telas também impede a entrada do animal nas residências. Bebedouros usados para atrair pássaros, também atraem morcegos e precisam ser retirados à noite.

“Tomando as medidas cabíveis e assim que for constatado o resultado positivo para Raiva, a equipe de vigilância em saúde (Zoonose), determina a área de foco, executando as ações de investigação epidemiológica, vacinação de bloqueio de todos os animais domésticos (área urbana num raio de 400 metros e rural 12 km, da origem do foco), para evitar a proliferação da doença. É importante reforçar que a raiva mata se não houver tratamento adequado a tempo (tratamento profilático antirrábico humano), que consiste na prescrição de soro específico para o vírus, e algumas doses de vacina a serem aplicadas à pessoa agredida por um animal silvestre”, observou Salviano.

Além da raiva, os morcegos também podem transmitir outras doenças, como por exemplo, a histoplasmose e esporadicamente a criptococose, por meio dos dejetos que caem do forro das edificações, quando contaminados com fungos. O mau cheiro liberado pela presença de colônias de morcegos no forro incomoda, mas a fuligem (pó) que cai do teto (forro), nos pontos em que eles estão mais concentrados, pode acarretar a contaminação de objetos e pessoas.

Apesar desse cenário que chama a atenção, de acordo com a Agevisa, o último registro de caso de raiva humana em Rondônia foi em 2004, transmitido por um cão contaminado com o vírus rábico, no município de Pimenta Bueno, ou seja, apesar do registro da circulação de algumas variantes do vírus rábico no Estado, a raiva humana continua controlada. Isso mostra a eficiência das ações de Vigilância em Saúde executadas pela Agevisa e secretarias municipais de Saúde.


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