Ele começou a apresentar sintomas de inflamação no fígado cerca de um mês após a pausa no uso do medicamento. Foi quando teve enjoos frequentes, seu corpo e olhos ficaram amarelados, ela teve tremor nas mãos, confusão mental, e sua urina escureceu.

Preocupada, a atleta cearense decidiu buscar atendimento médico. Após um mês de investigação, os exames apontaram para quadro grave de hepatite.

Ela chegou a iniciar o tratamento para ver se o fígado reagia, mas – segundo o hepatologista Huygens Garcia, chefe do Serviço de Transplante de Fígado do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), da Universidade Federal do Ceará, onde Janyne foi atendida, ela teve uma hepatite fulminante. Nesse caso, o único caminho possível é o transplante.

“Ficamos muito apreensivos, já que nunca se sabe o dia que vai chegar o órgão novo e se vai dar tempo de transplantar. A sorte é que essa espera não demorou muito e em cinco dias depois que eu entrei na lista, meu fígado novo chegou”, contou Janyne à BBC Brasil.

Natural, mas perigoso

O suplemento manipulado consumido por Janyne Luna era à base de plantas. Segundo ela, por ser natural, não imaginou que poderia ser perigoso.

Ela conta que conseguiu a receita através de uma amiga e decidiu testar as cápsulas que prometiam ter efeito rápido. Porém, deixou de usar  medicação por não observar resultado.

O caso de janyne não é isolado. Recentemente, o caso de duas mulheres com problemas no fígado relacionados ao uso de emagrecedores ganharam repercussão. Uma delas foi a cantora Paulinha Abelha, do grupo Calcinha Preta.

O laudo da biópsia feita no corpo da artista, que morreu depois de ficar 12 dias internada, apontou para uma falha grave no fígado, causada por uma mistura de compostos para emagrecer.

Outra mulher, que chegou a ser internada no Hospital das Clínicas de São Paulo e receber transplante de fígado, acabou não resistindo. Ela também teve hepatite fulminante, causada pelo consumo de chá emagrecedor composto por 50 ervas.

Nas redes sociais, a médica cirurgiã do HC, Liliana Ducatti Lopes, que atendeu a paciente, fez um alerta sobre os riscos de tomar essas ervas.

“Esses casos são geralmente de pessoas que previamente não tem nenhum problema de saúde e desenvolvem uma falência aguda do fígado gravíssima e que precisa transplantar urgente porque se não transplantar evoluem a óbito em 24, 48 ou 72 horas. São casos dramáticos”, afirmou a médica.