O presidente
equatoriano Daniel Noboa decretou, na quarta-feira (10), que o país
latino-americano está em 'estado de guerra' contra as gangues criminosas
ligadas ao tráfico de drogas. Pelo menos 14 pessoas morreram, desde
segunda-feira (8), em meio a uma onda de violência sem precedentes que assola
as ruas de várias cidades do país.
Todas as instituições
do país estão unidas na luta contra os narcotraficantes. Na linha de frente
está o presidente Daniel Noboa, que declarou guerra às gangues criminosas que
aterrorizam o Equador. Ele tem o apoio total do seu Governo e do Parlamento.
O jornal El
Universo, de Quito, afirma ser vital "que o presidente
convide todos os setores a unir forças para restabelecer a paz" no país. E
pede à população para "apoiar o trabalho das Forças Armadas e da
polícia", e também "o chefe de Estado em uma batalha que diz respeito
a todos".
De fato, como aponta
o The
Guardian, de Londres, "os 'gângsteres' desencadearam uma onda
de terror após as palavras fortes do presidente Daniel Noboa em resposta à
recente fuga do líder da quadrilha mais perigosa do país, Adolfo Macías,
conhecido como Fito. Nos últimos dias, jornalistas e cinegrafistas foram feitos
reféns ao vivo em um estúdio de televisão em Guayaquil, a maior cidade do
Equador.
Pânico nas ruas e na internet
Centenas de soldados
patrulham as ruas quase desertas da capital Quito, com os moradores escondidos
em suas casas com medo de um novo episódio de violência que causa preocupação
na comunidade internacional.
"Se eu pegar esse
ônibus, o que vai acontecer?", questionou à AFP uma mulher de 68
anos a caminho do trabalho no norte de Quito, sob condição de anonimato. Ela
disse que estava "aterrorizada" com a violência contínua no país.
A fuga, no domingo, da
prisão de alta segurança em Guayaquil do temido líder da gangue Choneros,
Adolfo Macias, e os motins em muitos dos presídios do país provocaram uma
resposta dura do presidente mais
jovem da história do Equador, de 36 anos, que foi eleito há poucos meses com a
promessa de restaurar a segurança no país.
A gangue, que conta com
cerca de 8 mil homens, de acordo com especialistas, tornou-se o principal
agente do próspero comércio de drogas no Equador.
Segundo o jornal
francês Libération, nas redes sociais, Los Choneros se
apresentam como benfeitores, "uma espécie de Robin Hood", com vídeos
que exaltam as virtudes do tráfico de drogas. Eles ameaçam jornalistas e, ao
som de música, fazem advertências a outras gangues rivais. "Choneros, nós
somos leões. Com o tio Fito no controle do bairro, nós somos os chefes",
diz uma das muitas canções postadas pela gangue na Internet.
"Paz
nacional"
"Estamos em um
estado de guerra e não podemos ceder a esses grupos terroristas", disse
Noboa na quarta-feira, depois de declarar que o país estava em "conflito
armado interno" na terça.
"Estamos lutando
pela paz nacional, mas também estamos lutando contra grupos terroristas que
agora têm mais de 20 mil membros", acrescentou.
De acordo com a
administração penitenciária, 41 dos cerca de cem guardas e funcionários
administrativos mantidos como reféns em pelo menos cinco prisões foram
libertados.
O comandante das Forças
Armadas, Jaima Vela, disse na quarta-feira que 329 "terroristas"
foram presos, "cinco foram mortos" e 28 prisioneiros fugitivos foram
recapturados. O último número oficial de mortos é 14, incluindo dois policiais.
As forças
de segurança equatorianas têm transmitido imagens de suas operações desde
domingo em várias penitenciárias, mostrando centenas de
detentos em roupas íntimas, com as mãos na cabeça e deitados no chão.
O Equador, que já foi
um paraíso de paz, está sendo devastado pela violência depois de se tornar o
principal ponto de exportação da cocaína produzida nos vizinhos Peru e
Colômbia. Os assassinatos no país aumentaram 800% entre 2018 e 2023, de seis para
46 por 100 mil habitantes. Em 2023, foram registrados 7.800 homicídios e
apreendidas 220 toneladas de drogas.
Repercussão
Internacional
A recente onda de
violência com ataques feitos por grupos ligados ao narcotráfico no Equador
causou reações internacionais na quarta-feira.
Na França, o Ministério
das Relações Exteriores pede que seus cidadãos adiem suas viagens ao Equador
devido ao atual surto de violência. Moscou também pediu que os russos
"levem em conta a instabilidade da situação ao considerar viajar para o
Equador" e acrescentou que tem confiança nas autoridades equatorianas para
restaurar a lei e a ordem "por seus próprios meios, sem interferência
externa".
A China suspendeu
atividades na sua embaixada e consulado no Equador enquanto "avalia a situação
de segurança". Enquanto os Estados Unidos disseram estar
"extremamente preocupados" com a onda de violência no país.
Na região, o Peru
declarou estado de emergência em toda sua fronteira com o Equador e anunciou o
reforço a vigilância com contingentes policiais e militares também na
quarta-feira.
O Brasil, a Colômbia, o
Chile, a Venezuela e a República Dominicana expressaram apoio a Quito e
rejeitaram a onda violência.
(Com AFP e RFI)
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