“Entramos juntos e sairemos juntos”. A frase é do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em mais uma coletiva da pasta referente aos números do boletim epidemiológico e às táticas de enfrentamento do coronavírus no país. Pouco tempo depois do fim do encontro com os jornalistas, porém, Mandetta fez um desabafo: “Sessenta dias de batalha. Já chega, né?”, disse, em entrevista à revista Veja.
Mais cedo, Mandetta reagiu aos rumores de sua demissão trabalhando. Cumpriu agenda, encontrou com deputados, entre eles Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde dos governo Dilma e Lula, e o com ministro Wagner Rosário, da Advocacia Geral da União (AGU).
Toda a coletiva teve um tom cordial, porém, de despedida. Apesar de nada formalizado, as exonerações ficaram no ar. O secretário-executivo da pasta, João Gabbardo, e o secretário de Vigilância e Saúde, Wanderson de Oliveira estiveram ao lado dele durante a tarde. Este último, chegou a pedir demissão. Anunciou que não faria mais parte do governo. Mandetta não aceitou, e foi aí que disse a frase que ganhou os noticiários: “sairemos juntos”.
Quando questionado até quando ficaria à frente da pasta que atualmente está no holofote dos noticiários, nacionais e internacionais, Mandetta disse que fica até encontrarem uma pessoa para assumir o seu lugar. Quando fala “encontrarem”, Mandetta deixa o sujeito oculto, mas trata-se, claramente, do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já deixou expressa, diversas vezes, a insatisfação com a forma com que Mandetta tem reagido, tanto à pandemia quanto ao tratamento com a imprensa.
“[São] Sessenta dias tendo de medir palavras. Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante”, disse o ministro, à publicação.
Mandetta afirma que, quando deixar, de fato, o governo, quer trabalhar. “Tenho de ganhar o pão”, diz. Mas se esquiva sobre os rumores de que iria para o governo de Goiás, com Ronaldo Caiado. “Não tem nada disso. Eu posso ajudar lá informalmente, como posso ajudar qualquer outro governo ou prefeitura”, disse, também à revista.
Sobre as eleições, também se esquiva. Diz que 2022 ainda está longe. O número 1 da Saúde garante que não se arrepende de ter aceitado o convite do presidente Bolsonaro para comandar uma das maiores pastas da Esplanada.
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