O que é o caso Queiroz, que voltou à tona com entrevista de suplente de Flávio Bolsonaro
A entrevista do empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro, o filho senador do presidente, trouxe novas revelações sobre o caso Queiroz. De acordo com Marinho, Flávio foi informado previamente sobre a deflagração da operação Furna da Onça, que atingiu o seu então assessor na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro Fabrício Queiroz, ainda em 2018. A acusação é de que o gabinete do então deputado praticava um esquema de “rachadinha” com os funcionários, quando os contratados precisam devolver parte do salário recebido. Queiroz seria o operador do esquema.
Flávio negou as acusações do suplente, que classificou como invenção de “alguém desesperado e sem votos”. Marinho se aproximou da família Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2018, mas, com o passar do tempo, foi se afastando do clã. Atualmente, é pré-candidato do PSDB para a prefeitura do Rio de Janeiro, com benção de João Doria, governador de São Paulo e antagonista do presidente Jair Bolsonaro.
A Operação Furna da Onça, que investigou a participação de mais deputados estaduais do Rio de Janeiro em esquemas de corrupção, lavagem de dinheiro, loteamento de cargos públicos e mão de obra terceirizada na administração estadual foi deflagrada no dia 8 de novembro de 2018. As declarações de Marinho, no entanto, trazem o desaparecido Queiroz de volta aos holofotes. Entenda o caso Queiroz e saiba quais são as implicações disso para o senador Flávio Bolsonaro.
Quem é Fabrício Queiroz
O ex-policial militar Fabrício Queiroz foi assessor de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro. Ele se tornou conhecido no final de 2018, quando o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão nas contas do ex-assessor parlamentar e considerou o montante incompatível com a sua renda.
A suspeita é de que ele arrecadava parte desse dinheiro com um esquema de “rachadinha”, em que arrecadava parte dos salários de outros funcionários e devolvia ao gabinete de Flávio. A alegação de Queiroz, na época, é de que ele obteve esse dinheiro com o lucro na venda de carros.
Entre as movimentações feitas por Queiroz estava a emissão de cheques que somavam R$ 24 mil para a conta de Michelle Bolsonaro, a primeira-dama. Na época, o presidente Bolsonaro disse que esse depósito seria para quitar um empréstimo pessoal.
O ex-assessor “desapareceu” do mapa. Meses após as denúncias virem à tona, foi localizado morando em São Paulo, onde fazia o tratamento para um câncer. Seu depoimento à Justiça segue pendente. Queiroz já estava aposentado quando trabalhou para Flávio. Ele também foi amigo de Jair Bolsonaro desde os anos de 1980.
Qual é a investigação sobre o gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj
O gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj era investigado desde 2018 por suspeitas de “rachadinha”, assim como o de outros deputados. Flávio sempre negou todas as acusações. A investigação só começou após o alerta do Coaf sobre as movimentações financeiras suspeitas.
Mas, houve uma grande reviravolta judicial. Em julho de 2019, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, suspendeu as investigações que usaram, sem autorização da Justiça, dados detalhados do Coaf, Receita Federal e do Banco Central. Essa decisão atendia a um pedido da defesa de Flávio. O parlamentar alegava ilegalidade e perseguição política na ação.
O MP do Rio de Janeiro também apontou suposta ação de organização criminosa no gabinete de Flávio na Alerj e supostos sinais de que o hoje senador lavou o dinheiro na compra e venda de imóveis. O parlamentar alegou que o órgão tentava atingir seu pai por intermédio dessa investigação.
A investigação só foi destravada 136 dias depois da decisão de Toffoli, quando o Pleno do STF avaliou o caso e liberou a ação dos investigadores do Rio de Janeiro.
Caso Queiroz causa constrangimento no governo Bolsonaro
A investigação do caso Queiroz e sua proximidade com a família Bolsonaro – houve pedido de quebra de sigilo bancário de Flávio Bolsonaro e de outras pessoas físicas e jurídicas ligadas a ele – causou mal-estar no governo. À época, Jair Bolsonaro chegou a declarar que os promotores poderiam ir “para cima” dele, mas que não iriam pegá-lo. As investigações do caso no Rio de Janeiro são conduzidas pelo Ministério Público.