Por fala em reunião ministerial, Senado convoca Abraham Weintraub

Por Camila Turtelli/Estadão 26/05/2020 - 00:15 hs
Foto: Dida Sampaio/Estadão
Por fala em reunião ministerial, Senado convoca Abraham Weintraub
O ministro da Educação, Abraham Weintraub

Senado aprovou nesta segunda-feira, 25, a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub. O chefe da pasta será obrigado a comparecer na Casa, em uma data ainda a ser definida, para prestar explicações aos parlamentares sobre suas falas em reunião ministerial do dia 22 de abril. A votação para aprovar o requerimento foi simbólica, ou seja, sem contagem de votos.

No encontro do Palácio do Planalto, Weintraub defendeu a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O vídeo da reunião foi divulgado na sexta-feira, 22, como parte do inquérito que apura se houve interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

No despacho em que autoriza a divulgação, o ministro Celso de Mello, do Supremo, disse ter constatado a ocorrência de “aparente prática criminosa” cometida por Weintraub ao se referir à Corte.

“Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, afirmou Weintraub na reunião do dia 22 de abril. O ministro chegou a comparar Brasília a um “cancro de corrupção, de privilégio”, reclamou de só levar “bordoada” e, ainda por cima, ser alvo de processo na Comissão de Ética da Presidência.

A autora do requerimento de convocação foi a senadora Rose de Freitas (Podemos-ES). “Eu achei que estava vendo um filme de terror. Mas quando vi o ministro da Educação tive certeza que era uma panaceia, um desrespeito”, disse Freitas. “Quero perguntar quem são os 'vagabundos' que precisam ser presos? Palavras não são em vão”, afirmou ela.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também apresentou um requerimento no mesmo sentido. “Nos vídeos e na sua transcrição Weintraub destila ódio, em termos claros, enfáticos e chocantes, contra o povo indígena e o povo cigano”, diz o senador da Rede.

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) também apoiou a convocação. “Não é cabível continuar nessa posição galopante de declarações contras as liberdades individuais, instituições”, disse.