'Com o caixa que temos, aguentamos dois anos de lojas fechadas', diz presidente do Magazine Luiza

Ainda assim, ele afirma que a empresa trabalhou desde o começo da crise provocada pela pandemia como se não tivesse esse conforto.

Por Talita Nascimento/Estadão 27/05/2020 - 10:03 hs
Foto: Felipe Rau/Estadão - 25/9/2019
'Com o caixa que temos, aguentamos dois anos de lojas fechadas', diz presidente do Magazine Luiza
O presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano.

O presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, disse nesta terça-feira, 26, em teleconferência com investidores, que o caixa da empresa tem fôlego para suportar dois anos de lojas físicas fechadas. Ainda assim, ele afirma que a empresa trabalhou desde o começo da crise da crise provocada pela pandemia de covid-19 como se não tivesse esse conforto.

“Reforçamos caixa, emitimos debênture e fizemos descontos de recebíveis. Podemos fazer ainda outras ações do tipo, mas a perspectiva com abertura de lojas é mais positiva”, afirmou.

O lucro líquido do Magazine Luiza no primeiro trimestre de 2020 ficou em R$ 30,8 milhões, uma queda de 76,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Na mesma base de comparação, porém, as vendas totais subiram 34%, alcançando R$ 7,7 bilhões no trimestre.

A explicação para os resultados está no fechamento de todas as lojas físicas da empresa no período de 20 a 30 de março, por causa das medidas de isolamento social. Com as vendas acontecendo apenas no e-commerce e marketplace nesse período, as margens da empresa diminuem e o resultado final é substancialmente menor.

A companhia terminou o primeiro trimestre do ano com posição de caixa total de R$ 4,6 bilhões. Além da adoção das medidas previstas na Medida Provisória 936, que permite a redução de jornada de trabalho e de salários, e a renegociação de aluguéis, a empresa emitiu uma debênture no mês de abril que irá remunerar com taxa do CDI mais 1,5% de juros.

Além disso, o conselho da empresa cancelou a distribuição de dividendos adicionais de R$ 290,914 milhões. A ata da reunião diz que a medida foi tomada para preservação de caixa da companhia em “momento de incertezas”. Ficou decidida a distribuição total de R$ 170 milhões, correspondente a 19,35% do lucro líquido apurado no exercício.

O resultado foi bem recebido no mercado e, nesta terça, os papéis ON da companhia chegaram a subir mais de 10%, atingindo cotação de R$ 67,35, ultrapassando máximas históricas de fechamento.

Segundo trimestre

Adiantando dados do segundo trimestre deste ano, Trajano disse que o mês de maio deve ter crescimento em relação ao mesmo período de 2019. No balanço, a companhia divulgou o crescimento de 46% em vendas totais até o dia 20 deste mês.

Segundo ele, o empenho de anos da empresa em investir no e-commerce deu frutos neste momento de crise.

Apesar de ter perspectivas positivas para os próximos trimestres com a reabertura das lojas físicas, Trajano diz que não é otimista com a situação da pandemia no País. "O Brasil é um dos únicos países a reabrir o comércio com casos de covid-19 crescendo", disse.

As lojas da companhia que já reabriram representam 40% do parque da empresa. Elas estão em cidades pequenas e a empresa segue um protocolo extenso que avalia, dentre outras coisas, leitos de UTI ocupados e número de casos no local.

O presidente da empresa disse que não estão descartado novos fechamentos em razão da evolução da pandemia no País, como se observou em outros lugares do mundo. Ainda assim, adianta: "Teremos mais lojas reabertas em junho".